terça-feira, 30 de julho de 2013

Tributo a Kardec: evento traz a Salvador importantes nomes do Espiritismo no Brasil






Organizado pela Sociedade de Educação Espírita da Bahia (SEEB), acontece em Salvador, nos dias 02 e 03 de agosto, a terceira edição do TRIBUTO A KARDEC. O evento irá reunir importantes nomes da literatura espírita na atualidade, como Robson Pinheiro e Francisco do Espírito Santo Neto, além de estudiosos da área, como Jeny Bastos, Miréia Carvalho e Artur Mascarenhas, para discutir “A Obsessão e seus Mistérios”, tema que norteará as palestras, debates e mesas de discussões que integram a programação.

Ao longo do encontro, vertentes como a visão espírita da obsessão, hábitos e vulnerabilidades psicológicas, experiências em obsessão e desobsessão, entre outras, serão discutidas e analisadas. O seminário será realizado no Hotel Vila Galé, no bairro Ondina, e os ingressos podem ser adquiridos nos balcões do Ticketmix ou no local, no dia do evento. A entrada custa R$ 50.

Na sexta-feira, 02 de agosto, a partir das 20h30, o médium e músico Vansan dá início a programação com sua palestra musical, a qual consiste num momento de reflexão profunda sobre os ensinamentos da Doutrina Espírita através da música. Temas como a importância da vida, do amor e da convivência coletiva fazem parte do percurso musical-doutrinário.

Já no sábado, 03 de agosto, às 9h, a programação recomeça com a palestra ministrada por Jeny Bastos, membro do Instituto de Difusão Espírita da Bahia (IDEBA), seguida pela do médium, escritor e palestrante, autor de mais de dez livros, Francisco do Espírito Santo Neto, o qual falará sobre a obsessão e a renovação de atitudes. Às 11h10, será iniciada a mesa redonda intitulada “ Experiências em Obsessão e Desobsessão”, com Jeny Bastos, Robson Pinheiro e Francisco do Espírito Santo Neto.

À tarde, a partir das 14h, Artur Mascarenhas e Miréia Carvalho, membros da SEEB, ministram as palestras “A Interpretação Fluídica do Processo Obsessivo” e “Os Labirintos da Auto-Obsessão: hábitos, vulnerabilidades psicológicas, resistências e mudanças”, respectivamente. Já às 16h, o Robson Pinheiro, um dos mais expressivos nomes da literatura mediúnica na atualidade, ministrará a palestra que abarca com total precisão o tema maior do seminário: “A Obsessão e os seus Mistérios”. A programação será finalizada com uma segunda apresentação do músico Vansan.

A SEEB – Fundada em 1992, a Sociedade de Educação Espírita da Bahia é uma instituição voltada ao estudo e à divulgação da Doutrina Espírita Kardecista, que busca contribuir, através da educação integral do ser humano, para a transformação moral da humanidade. Desde então, a SEEB vem consolidando seu trabalho através de palestras, seminários, grupos de estudo e pesquisas.

Robson Pinheiro – Um dos mais expressivos e reconhecidos nomes da literatura espírita atualmente, o médium e palestrante Robson Pinheiro é fundador e administrador de diversas instituições comprometidas com a difusão das espíritas de liberdade, trabalho e fraternidade, entre elas o que viria a se chamar a Universidade do Espírito Santo de Minas Gerais, a Clínica Holística Joseph Gleber e da Aruanda e a Editora Casa dos Espíritos, ambos sediados no estado de Minas Gerais. Em sua biografia, o autor acumula mais de 20 obras psicografadas por diversos autores espirituais, compreendendo gêneros como romances espíritas, estudos bíblicos, históricos e de ciência espírita, além de obras para o autoconhecimento, com destaque para “Tambores de Angola”, “Aruanda”, “Medicina da Alma e Legião: um olhar sobre o reino das sombras”. No total, o número de títulos vendidos já ultrapassa a marca de um milhão de exemplares.

Francisco do Espírito Santo Neto – Médium, escritor e palestrante, fundou, há mais de 25 anos, a Sociedade Espírita Boa Nova, a qual até hoje mantém suas atividades, abrigando instituições que atendem crianças e idosos. Autor de dezenas de livros, entre eles obras psicografadas como “Renovando Atitudes”, “Lucidez – a Luz que Acende a Alma”, “A Imensidão dos Sentidos. Atua também como diretor responsável da Revista Espírita Delfos, que traz em seu conteúdo matérias especiais, entrevistas, sessões e outras informações pertinentes ao meio literário espírita.

Vansan – Natural de Mogi das Cruzes (SP), tem mais de 20 cds gravados e participa como orador e músico de diversos congressos, seminários e encontros espíritas em todo o Brasil. Sua apresentação consiste num momento de reflexão profunda sobre os ensinamentos da doutrina espírita através da música. Trata-se de uma apresentação musical-doutrinária. Temas como a importância da vida, do amor e da convivência coletiva também estão presentes em sua palestra musical.

Programação completa:


Sexta-feira / 02 de agosto

19h – Entrega de material/Inscrições
20h – Abertura do seminário
20h30 – Palestra Musical – Vansan

Sábado / 03 de agosto

09h – Palestra: Visão Espírita da Obsessão (Jeny Barros)
09h50 – Palestra: Obsessão e Renovação de Atitudes (Francisco do Espírito Santo Neto)
10h40 – Intervalor/ Sessão de autógrafos
11h10 – Mesa-redonda: Experiências em Obsessão e Desobsessão (Jeny Bastos, Robson Pinheiro, Francisco do Espírito Santo Neto) – Mediador: Kleber Monteiro

12h – 14h – Almoço
14h – Palestra: A Interpretação Fluídica do Processo Obsessivo (Artur Mascarenhas)
14h50 – Palestra: Os Labirintos da Auto-Obsessão: hábitos, vulnerabilidades psicológicas, resistências e mudanças (Miréia Carvalho)
15h40 – Intervalo
16h – Palestra: A Obsessão e os Seus Mistérios (Robson Pinheiro)
17h – Sessão de autógrafos
17h30 – Encerramento com Vansan


Serviços:


Tributo a Kardec – A Obsessão e os seus mistérios
Quando: 02 e 03 de agosto de 2013
Onde: Hotel Vila Galé, R. Morro do Escravo Miguel, 320 – Ondina, Salvador, Ba
Ingressos: R$ 50 (Balcões do Ticketmix)
Informações: (71) 8786-1597 (Grupo SEEB)

quinta-feira, 11 de julho de 2013

SEMINÁRIO - A OBSESSÃO E OS SEUS MISTÉRIOS




Os Espíritos podem influenciar em nossas vidas? Afinal, o que é a obsessão? Obsessão é o que as pessoas chamam de “encosto”? A ação dos Espíritos pode causar doenças? Qual a relação entre a obsessão e a loucura? Existe obsessão em crianças? Será que estou obsidiado? O que fazer?

Estas e outras perguntas serão respondidas no seminário TRIBUTO A KARDEC 2013: A OBSESSÃO E OS SEUS MISTÉRIOS, promovido pela SEEB – Sociedade de Educação Espírita da Bahia – nos dias 2 e 3 de Agosto de 2013, no Hotel Vila Galé Ondina. Nesta edição a SEEB traz a Salvador importantes nomes da literatura mediúnica da atualidade, como Robson Pinheiro e Francisco do Espírito Santo Neto, bem como estudiosos do tema e coordenadores de reuniões de desobsessão, como Jeny Bastos (IDEBA – Instituto de Difusão Espírita da Bahia), Miréia Carvalho e Artur Mascarenhas (SEEB). O evento conta ainda com a presença do cantor Vansan, que fará uma palestra musical de abertura e outras participações no evento.

Fundada em outubro de 1992, a SEEB é uma instituição voltada ao estudo e a divulgação da Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, que busca contribuir, através da educação integral do ser humano, para a transformação moral da humanidade. A SEEB vem consolidando seu trabalho através de palestras, seminários, grupos de estudo e pesquisa, abertos à comunidade.

As inscrições para o seminário podem ser feitas nos balcões da TicketMix ou na sede do grupo, que fica na Alameda Monte Carmelo, 26, Brotas. O valor do ingresso é de R$ 50,00 e podem ser pagos em cartões de crédito, desde que a compra seja feita na TicketMix.

Local: Hotel Vila Galé – Ondina

Data: 2 e 3 de Agosto de 2012

Valor: R$ 50,00.

Contato – (71) 8786-1597

Vendas disponíveis em todos os Pontos de venda Ticketmix (Shopping BARRA – Shopping IGUATEMI – Shopping PARALELA – SALVADOR Shopping).


Especial Hermínio Miranda: Entrevista a Revista Universo Espírita

por Ana Carolina Coutinho (2012)


O sr. escreveu um livro que é considerado um guia da prática mediúnica, Diversidade dos Carismas, o que é mediunidade, Herminio? 
Ah! Se eu soubesse, eu diria (rs). A definição é simples, é a que está em O Livro dos Espíritos: “O médium é o intermediário entre um mundo e outro, entre uma face da vida e outra, entre uma dimensão e outra”. Agora, há uma variedade tão grande de recursos mediúnicos... Em Diversidade de Carismas fiz uma tentativa de dizer o que eu entendia, mais ou menos, sobre mediunidade, quando me pediram esse livro – foram até as entidades mesmo que me pediram – eu disse: “Mas o que é que vou falar sobre mediunidade, já está tudo falado...” Mas aí comecei a estudar e vi que ainda tinha muita coisa para dizer. Não tenho a pretensão de afirmar que esgotei o assunto, de forma alguma. Ainda tem muita coisa que aprender sobre mediunidade. O caso do Luciano dos Anjos [protagonista de Eu sou Camille Desmoulins], por exemplo, nele é uma faculdade animista, é o espírito dele dizendo o que está acontecendo, o que viu no passado. Mediunidade é tão difícil de definir quanto o tempo. Até hoje não sei defini-lo e não tenho a pretensão de fazê-lo tão cedo. Acho que só quando eu estiver fora dele é que vou entendê-lo. 

Nossos Filhos são Espíritos é um dos livros mais vendidos da literatura espírita, chegando a mais de 250 mil exemplares. Ao quê o sr. credita esse sucesso? 
Faço todos os meus livros com muita emoção. Envolvo-me demais naquela atmosfera. Uma vez conheci o Érico Veríssimo lá nos Estados Unidos e disse-lhe que o meu preferido dele era o Olhai os Lírios do Campo, uma obra lírica, muito bonita, eu lhe disse que esse livro tinha carga emocional muito grande e ele confirmou minha afirmação. Então, acho que isso se aplica no meu caso, ao Nosso Filhos São Espíritos. Coloquei nele todo o meu coração e não procurei me dirigir aos espíritas especificamente; sempre achei, desde que comecei a escrever, que nós, do meio espírita, tínhamos que escrever também visando o público não espírita. Porque o não espírita não pega para ler O Livro dos Médiuns, dos Espíritos, de Emmanuel; raramente lê os de André Luiz, e quando o faz é como romance e não como obra didática que é. Então, chegou a um ponto em que eu tinha de dizer as coisas, a minha experiência pessoal, como se eu tivesse conversando, contando as emoções do nascimento de minha primeira filha, se aparecerem fenômenos mediúnicos na criança como ela deve ser tratada, etc. Então, uma pessoa que não pega um livro espírita para ler, pega Nosso Filhos São Espíritos; Autismo também. Um livro com este tema interessa a muita gente que não é espírita. Claro que há uma visão espírita e não faço segredo disso. “Você não acredita? Tudo bem”. Não é nem problema de fé. Reencarnação não é uma questão de você acreditar ou não, é a Lei. Tanto faz. Você já reencarnou e ainda vai reencarnar. 

As quais conclusões chegou após pesquisar sobre o autismo? 
O autismo é um problema muito interessante. Muito curioso. Às vezes, uma pequena frase que você lê num livro lhe desperta um mundo interior de coisas. Eu estava lendo um livro que a médica, uma psicóloga de vanguarda que começou a fazer experiência de regressão com muita competência, disse que o autismo era uma rejeição à reencarnação. Essa frase acendeu uma luzinha na minha cabeça. Se é uma rejeição da reencarnação, isso faz sentido, por que a pessoa se reencarna e não quer participar, interagir com ninguém. O autismo é uma síndrome extramente complexa e muito difícil de entender se não se levar em conta o mundo espiritual. Por que crianças sadias, perfeitas, lindas, não interagem? Geralmente ocorre tudo bem até os dois, três, primeiros anos e, de repente, ela para de falar e começa a se isolar; é um drama terrível. Aí comecei a comprar livros; queria saber. Só depois de muita leitura, muita meditação, decidi escrever. Autismo é um livro muito lido fora do meio espírita. Acho que o autista não é uma pessoa perturbada, nem um doente mental, é apenas uma pessoa que tem um conflito qualquer, precisa ser entendida como ela é. Você não pode arrastá-la para o seu mundo. Afinal, o que é ser normal? Para o autista o normal é aquilo. No livro procurei dar essa visão de que a criança está diferente porque ela tem uma outra visão da vida e precisa ser respeitada. A nossa “normalidade” é a única possível? De jeito nenhum. 

Houve algum livro que lhe deu maior prazer na execução de sua tradução? 
A História Triste [no prelo]. É um livro raríssimo, discutidíssimo. Foi psicografado por uma médium americana e a entidade que se apresentou a ela se dizia uma mulher nascida na Inglaterra que migrou para os Estados Unidos no século 17. Este livro tem uma linguagem impressionante, antiga, arcaica, com estilo similar à 
época de Shakespeare. Deu um trabalho... Mas em todo caso, foi um livro que traduzi com prazer. Quando ele foi lançado [na segunda década do século 20], o fenômeno interessou a jornalistas, pensadores, cientistas, filósofos. A jovem senhora, casada, que escreveu, não tinha a mínima condição para fazê-lo. A história se passa na Palestina, do dia em que Cristo nasceu até quando ele foi crucificado. Levei dois anos trabalhando nele. A autora espiritual viveu lá. Conhece a história, a geografia, a política, a religião, o costume daqueles povos. Sabe de tudo. Tem um respeito e uma admiração incrível pelo Cristo. Ele teria sido uma escrava levada da Grécia pelos romanos, e César a deu de presente ao Tibérius – futuro imperador. Ela era uma mulher lindíssima, mas engravidou. Tibérius não queria complicação, pois já sabia que iria suceder Augusto no trono, então pediu que seus soldados sumissem com ela no mundo. E ela saiu pelo mundo afora e acabou na Palestina. Seu filho nasceu nas proximidades de Belém na mesma noite em que nasceu Jesus. O filho dela é terrível, se transformou num criminoso. Então, dá-se o contraste entre o Cristo, a luz, e ele, a sombra. Ela conta coisas inacreditáveis da época. Uma história muito bonita que despertou o grande interesse pela competência literária, mas o povo não estava preparado para aceitar a história fantástica que tinha por trás daquilo tudo. Esse livro me causou muita emoção. Envolveu-me muito com aqueles tempos também. 

Você escreveu um livro sobre os “hereges” cátaros. O que foi o Catarismo? 
Foi o Espiritismo do século 13. Era uma doutrina que tentava recuperar o Cristianismo primitivo. Eles tinham uma filosofia muito bonita. Era o Espiritismo puro. Foi uma pena o Cristianismo ter perdido aquela oportunidade de se refazer. 
Qual foi a fonte que eles utilizaram para recuperar os verdadeiros ensinamentos de Jesus? 
Eles vieram programados para isso. O Cristianismo começou a se desviar do que o Cristo pregou logo no principio, no fim do 1º século, quando começaram a inventar dogmas. A Dra. Elaine Pagels, que escreveu um livro sobre os Evangelhos Gnósticos, diz que o Cristianismo começou a mudar – e estou de acordo com ela – quando optou pelo poder terreno. Eles queriam o Cristianismo quantitativo e não qualitativo – uma expressão genial dela –, pois assim eles queriam uma Igreja que arrebanhasse gente e aí se inventou um monte de coisa, que Cristo era Deus, o Natal para comemorar o nascimento... Cristo não nasceu no dia 25 de dezembro, isso foi uma adaptação da Igreja para que conseguisse arrebanhar aqueles que comemoravam as festas pagãs. Cristo não fundou uma Igreja. Lamento dizer essas coisas, mas já fui herege tantas vezes que mais uma não tem diferença. Ele pregou uma doutrina de comportamento: como é que você deve se portar perante a vida, o seu semelhante, perante Deus, perante você mesmo. Cristo nunca pregou ritual nenhum; ao contrário, ritual por ritual, fizesse o que faziam os judeus da época. Ele não queria convencer ninguém a ser cristão. Ele não era cristão. O Cristianismo foi uma coisa posterior, a questão dos santos, por exemplo, veio para substituir os deuses do politeísmo. Bom, realmente a Igreja teve um grande sucesso na parte de quantidade, já na de qualidade subverteu. Então, entre o 3º e 4º séculos surgiu o gnosticismo, que, na verdade, não surgiu, ressurgiu. 

O que é o gnosticismo? 
Ele ensina idéias, que são coisas religiosas, como reencarnação, imortalidade, preexistência, comunicabilidade dos Espíritos. Essas idéias precisam fazer parte de qualquer religião que se preze. Não se pode ter religião fora disso, pois como dá para entender um Deus injusto que cria pessoas saudáveis e outras não? Como dizia Santo Agostinho, ou Ele não sabia o que estava fazendo ou então Ele é muito mal. Criar um sujeito para ir para o inferno?! Essas são as coisas que questiono. Estes conceitos fundamentais – reencarnação, imortalidade, etc. – aparecem, em primeiro lugar, em Jesus. Em segundo lugar, nos gnósticos, que não era uma religião, mas uma filosofia. A palavra gnosticismo quer dizer conhecimento, uma busca do conhecimento, não importa se religioso ou não. Os neoplatônicos [corrente filosófica do 3º século] também lidavam com essas idéias. O gnosticismo passou a ser, no tempo dos neoplatônicos um tipo de filosofia. Oferece a salvação pelo conhecimento, pelo progresso espiritual, pela ampliação da observação que dá para se fazer sobre o mundo. Nesse sentido, os gnósticos tentaram reverter o Cristianismo, e foram excluídos sumariamente. Mas não foi com violência. Os gnósticos não se juntaram à Igreja, eles pegaram de Jesus aquilo que fazia sentido para eles: as vidas sucessivas, a comunicação dos Espíritos, essas coisas. Falhou o gnosticismo. 

Foi uma tentativa de resgatar os verdadeiros ensinamentos de Jesus, né? Neste sentido vieram outras tentativas posteriores? 

No século 7, conforme conta Emmanuel, Maomé veio para cá com o projeto de recomeçar todo o Cristianismo. Nasceu numa tribo que não tinha muita ligação com o mundo, tudo para recomeçar a pregação de Jesus. Segundo diz Emmanuel, Maomé se desviou dessa missão. Então veio o Islamismo, que é uma religião muito respeitável. Eu não tenho nenhuma restrição, absolutamente. Essa foi uma outra alternativa. Veio, então, o catarismo. Começou no ano 1000. Tenho um palpite que começou como programação para encontrar qual a melhor maneira de apresentar aquela filosofia dos gnósticos sem combater as religiões institucionalizadas. Enfim, os mesmos conceitos sempre ressurgem. Por causa de alguma perseguição metem eles debaixo da terra, daqui a pouco eles aparecem lá na frente. 

Após o catarismo veio a Reforma. Ela também foi uma tentativa para a retomada do verdadeiro Cristianismo? 
Sim, e isso quem diz é o próprio Emmanuel. No livro A Caminho da Luz ele conta que o mundo espiritual estava muito preocupado em ver como o Cristianismo estava mal interpretado e que isso precisava mudar. Então, ele cita uma turma que veio para cá para esse recomeço: Lutero, Calvino, entre outros. Para recomeçar, pelo Evangelho do Cristo. Era preciso voltar àqueles tempos e recomeçar. Mas não deu certo de novo. Lutero pregou suas teses na porta da Igreja. Ele era sensacional e tinha todos os recursos. Inclusive, achei que ele era a encarnação de Paulo. Não quero convencer o leitor; mas são tantas coincidências (digo que coincidência é um dos pseudônimos de Deus, quando Ele não quer assinar). Lutero veio com esse propósito, mas depois acabou se envolvendo em outras coisas... A Reforma não foi suficientemente reformista. Também começaram a se separar em seitas; uns acreditavam numa coisa, outros noutra. Ficaram ainda lidando com o problema da fé; mas não mudaram nada na substância do Cristianismo, foi muito pouco. E hoje ainda estamos vemos isso aí, né? O Cristianismo cada vez mais perdido. 

Depois veio o Espiritismo? 
Aí, desta vez, foi planejado tudo de maneira diferente. O próprio Jesus foi a liderança principal do movimento. Tinha de ser. Muita gente ainda tem dúvida se o Espírito de Verdade é o próprio Cristo. É. Aquela comunicação do Espírito de Verdade a Kardec: “Espíritas, amai-vos (...). Instruí-vos (...)”, figura em O Livro dos Médiuns assinada por Jesus e aparece também em O Evangelho Segundo o Espiritismo, com ligeiras modificações de redação, assinada como Jesus. Então o próprio Cristo resolveu retomar o assunto. Ele disse que estaria à disposição do Kardec durante 15 minutos, se não me engano, por semana, para responder as dúvidas dele. Revelou a Kardec, mas Kardec mesmo não disse, pois lhe respeitou o desejo, que queria mesmo ficar como Espírito de Verdade. 

Da mesma forma que planejou movimentos para o resgate do verdadeiro Cristianismo, como o sr. acha que a espiritualidade está fazendo isso atualmente? 
Em todos os tempos a espiritualidade passa o recado para nós. A visão de Fátima, por exemplo, foi uma coisa dramática, não tem como negar; assim como a de Guadalupe. É a espiritualidade chamando nossa atenção. Recentemente me perguntaram se eu acreditava numa reunião entre as diversas crenças, eu disse que não, pois é uma guerra de poder e todas precisariam ceder um pouco; deixar de ser o que são, enfim. Criar uma concepção nova. E é ela que o Espiritismo vem trazer. Mas não é uma peculiaridade do Espiritismo, existe e vem há milhares e milhares de anos. São conceitos que os sacerdotes egípcios sabiam de cor e salteado, pois a religião egípcia tinha sua parte iniciática e tinha a versão popular, simbólica, que tinha sua razão de ser, mas não era a religião dos grandes sacerdotes. Era a mensagem do Cristo, que é a mesma de sempre. E ele, aliás, deve estar por trás disso tudo, pois Jesus ficou incumbido de dirigir o nosso planeta, desde a criação, conforme nos contam entidades respeitáveis. 

Na sua próxima encarnação o que gostaria de encontrar de diferente neste mundo? 
O amor. Com “A” bem grande. Estamos disputando espaços, gente que só quer ganhar dinheiro, só quer ocupar posições de comando. O poder é uma coisa perigosíssima. Acho provações mais difíceis o poder, a riqueza, a beleza física, a inteligência... Falta o componente da afetividade, do bom relacionamento com o mundo. O planeta está sendo demolido, destruído, isso é a falta de uma visão amorosa das coisas: dos seres e do ambiente em que vivemos. A grande mensagem do Cristo é esta. E Pedro foi muito feliz em dizer que “o Amor cobre uma multidão de pedaços”. 

Como você vê os caminhos do Espiritismo hoje? 
Acho que ele corre dois riscos: o de ser deturpado e o de ficar engessado. Acho um pouco exagerada a fixação dos divulgadores espíritas de conversarem apenas entre si. Os grandes filósofos do passado foram grandes comunicadores, falavam para todos e todos entendiam. Com todo respeito, se você pega o livro de um filósofo contemporâneo, não dá para entender nada; parece que escrevem uns para os outros! Acho que essa espécie de síndrome prevalece em alguns setores espíritas. Não precisa se preocupar com a doutrina espírita, se ela falhar agora – e por nossa causa – ela volta depois. Um Espírito disse a Kardec que o Espiritismo será “com os homens, sem os homens ou a despeito dos homens”. Mesmo que o rejeitemos ele vai renascer em outro lugar. Não é o movimento espírita são os conceitos fundamentais do Espiritismo que vem de milhares de anos.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

DESENCARNA AOS 93 ANOS O GRANDE ESCRITOR ESPÍRITA HERMÍNIO C. MIRANDA

Hermínio Corrêa de Miranda (Volta Redonda, 5 de janeiro de 1920 - Rio de Janeiro, 8 de julho de 2013) foi um dos principais pesquisadores e escritores espíritas do Brasil. Suas últimas obras foram assinadas como Hermínio C. Miranda.

Autor de mais de 40 livros, é um dos campeões de venda da literatura espírita do Brasil. Aliás, raros escritores nacionais conseguem tiragens tão expressivas quanto o autor de Nossos filhos são espíritos (mais de 250 mil exemplares), de Diálogo com as sombras (80 mil) e de outros vinte e quatro títulos, cuja vendagem anda ao redor dos seiscentos mil exemplares.

Tendo se tornado espírita em 1957, sua vasta produção literária inclui ainda obras que tratam do tempo, de regressão de memória, de autismo, de múltiplas personalidades, dos primórdios do cristianismo, todos assuntos que atiçaram sua inesgotável curiosidade.

Realizou pesquisas sobre reencarnação de personalidades notórias na ciência e na história, como Giordano Bruno e Fénelon, entre outros. Investigou profundamente a mediunidade, a paranormalidade, deixando como legado um vasto material de estudo que revela, sobretudo, o seu exemplo inspirador para os estudiosos do presente e do futuro.

O seu primeiro livro, Diálogo com as Sombras, foi publicado em 1976. Os seus direitos autorais foram sempre cedidos a instituições filantrópicas.

Na Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, que acontecerá de 29 de agosto a 8 de setembro, a Editora FEB irá lançar a nova obra de Hermínio: "Estudos e Crônicas."

Desencarnou em 8 de julho de 2013, aos 93 anos. Foi sepultado no cemitério Jardim da Saudade (Sulacap), no Rio de Janeiro.

terça-feira, 9 de julho de 2013

TRIBUTO A KARDEC 2013



Swedenborg: O cientista que falava com os anjos



DIÁRIO DA MANHÃ
PEDRO FAGUNDES AZEVEDO

Um dos mais notáveis precursores do Espiritismo surgiu cerca de um século antes da Codificação de Allan Kardec. Chamava-se Emanuel Swedenborg e  veio ao mundo no seio de tradicional família sueca, o que lhe proporcionou uma excelente formação filosófica, com profundo conhecimento das ciências então predominantes, notadamente a Física, a Astronomia e a Engenharia. Foi também financista e político. E apesar de ser um apaixonado estudioso da Bíblia, não ia muito à Igreja, contrariando os costumes de seu tempo, o que provocava severas críticas de seus inimigos e justificativas de seus amigos mais íntimos. Um destes explicou que "Swedenborg não poderia continuar aceitando como verdadeiras pregações igrejistas, tão diferentes de suas revelações.” O próprio Swedenborg confidenciou ao Reverendo Ferelius que não encontrava mais prazer em ir na igreja, por causa dos anjos com quem conversava até mesmo durante o culto religioso. Eles discordavam daquilo que o ministro dizia, especialmente quando o assunto era as três pessoas da Divindade, o que seria o mesmo que admitir a existência de três deuses.

Em certa ocasião, um criado e sua esposa, pessoas simples, que trabalhavam para Swedenborg há muitos anos, vieram dizer-lhe que não poderiam mais trabalhar ali, pois o pastor lhes havia dito que Swedenborg não era cristão. Ele respondeu que, tendo trabalhado para ele por tantos anos, se eles se lembrassem de algum dia ele ter praticado algum ato não cristão, estariam livres para partir. O casal ficou. Desde menino, Swedenborg manifestou notável vidência mediúnica. Conta-se que por ocasião de um jantar em Gothemburg, onde se encontravam várias pessoas, conseguiu observar e descrever para os presentes um grande incêndio que se desenrolava naquele exato momento, a trezentas milhas de distância, em Estocolmo. Posteriormente, poucos dias após a morte de seu grande amigo Christopher Polhem, disse Swedenborg: Ele morreu na segunda-feira e falou comigo já na quinta-feira. Eu mesmo tinha sido um dos convidados para o enterro. Ele disse viu seu cortejo fúnebre e presenciou quando o féretro baixou à sepultura. Entretanto, nessa conversa comigo perguntou porque o tinham enterrado, se continuava vivo. Quando o sacerdote falou que êle se ergueria no Dia do Juízo Final , perguntou por que isso, se êle desde agora já estava de pé.

E tal como faria Chico Xavier duzentos anos depois, Swedenborg não auferia nenhum benefício com a venda de seus livros teológicos. Seu editor londrino, John Lewis, escreveu a seguinte nota num anúncio do segundo volume da obra Arcanos Celestes: "Quero, de público, testemunhar que esse cavalheiro, com infatigável labor e pesares, gastou um ano inteiro preparando e escrevendo o primeiro volume dos Arcanos Celestes e pagou, pela sua impressão, duzentas libras, tendo adiantado outras duzentas para este segundo volume. E, tendo feito isto, deu ordens expressas para que todo o dinheiro arrecadado fosse dado à obra de propagação do Evangelho. Assim, está muito longe de desejar obter lucro deste seu labor, visto que não receberá de volta nem um níquel das quatrocentas libras que gastou. Por essa razão, a obra chega ao público a um custo extraordinariamente baixo".

Entretanto, o que mais chama atenção para os espíritas, é a notável semelhança entre as suas narrativas da vida no plano espiritual e as que foram trazidas pelo espírito André Luiz, através da mediunidade de Chico Xavier. O célebre Conan Doyle, em seu livro A História do Espiritismo, expõe alguns dos principais fatos descritos por Swendenborg, dos quais extraímos o seguinte trecho: O outro mundo, para onde vamos após a morte, consiste de várias esferas, representando outros tantos graus de luminosidade e de felicidade; cada um de nós irá para aquela a que se adapta a nossa condição espiritual. Somos julgados automaticamente, por uma lei espiritual das similitudes; o resultado é determinado pelo resultado global de nossa vida, de modo que a absolvição ou o arrependimento no leito da morte têm pouco proveito. Nessas esferas, verificou que o cenário e as condições deste mundo eram reproduzidas fielmente, do mesmo modo que a estrutura da sociedade. Viu casas onde viviam famílias, templos onde praticavam o culto, auditórios onde se reuniam para fins sociais e palácios onde deviam morar os chefes.

A morte era suave, dada a presença de seres celestiais que ajudavam os recém-chegados na sua nova existência. Esses recém vindos passavam imediatamente por um período de absoluto repouso. Reconquistavam a consciência em poucos dias, segundo a nossa contagem.Havia anjos e demônios, mas não eram de ordem diversa da nossa: eram seres humanos, que tinham vivido na Terra e que, ou eram almas retardatárias, como demônios, ou altamente desenvolvidas, como anjos. De modo algum mudamos com a morte. O homem nada perde pela morte: sob todos os pontos de vista é ainda um homem, conquanto mais perfeito do que quando na matéria. Leva consigo não só suas forças, mas seus hábitos mentais adquiridos, suas preocupações, seus preconceitos.

Todas as crianças eram recebidas igualmente, fossem ou não batizadas. Cresciam no outro mundo; jovens lhe serviam de mães, até que chegassem as mães verdadeiras. Não havia penas eternas. Os que se achavam nos infernos podiam trabalhar para sua saída, desde que sentissem vontade. Os que se achavam no céu não tinham lugar permanente: trabalhavam por uma posição mais elevada. Havia o casamento sob a forma de união espiritual no mundo próximo, onde um homem e uma mulher constituíam uma unidade completa (é de notar-se que Swendenborg jamais se casou). Não existiam detalhes insignificantes para sua observação no mundo espiritual. Fala de arquitetura, de artesanato, das flores, dos frutos, dos bordados, da arte, da música, da leitura, da ciência, das escolas, dos museus, das academias, das bibliotecas e dos esportes. Tudo isso pode chocar as inteligências convencionais, conquanto se possa perguntar por que toleramos coroas e tronos e negamos outras coisas menos materiais.

Os que saíram deste mundo, velhos, decrépitos, doentes ou deformados, recuperavam a mocidade e, gradativamente, o completo vigor. Os casais continuavam juntos, se os seus sentimentos recíprocos os atraíam. Caso contrário, era desfeita a união. Dois amantes verdadeiros não são separados pela morte, de vez que o espírito do morto, muitas vezes, habita com o sobrevivente até a morte deste último, quando se encontram e se unem, amando-se mais ternamente do que antes". (Obra citada, edição de 1990, páginas 38 e 39).

Quem desejar maiores detalhes sobre Emanuel Swedenborg, este precursor das revelações espíritas, encontrará amplo material em suas obras Céu e Inferno, A Nova Jerusalém e Arcana Coelestia. Quinze anos após sua morte, em 1772, seus admiradores fundaram a Igreja Swedenborgiana que ainda hoje subsiste em alguns países, com outras denominações.