terça-feira, 1 de novembro de 2011

Entrevista com o Projeto Manoel Philomeno de Miranda

Há mais de 20 anos, projeto desenvolve estudo sério sobre mediunidade
Cássio Leonardo Carrara - www.oclarim.com.br
Revista Internacional de Espiritismo


Idealizado em 1990, como forma de suprir a carência de orientações às casas espíritas sobre o desenvolvimento de reuniões mediúnicas, o Projeto Manoel Philomeno de Miranda surgiu para desenvolver estudos sobre os rumos da prática mediúnica de qualidade. Ligado à Mansão do Caminho, em Salvador (BA), é composto por José Ferraz, João Neves e Nilo Calazans, que realizam seminários sobre mediunidade e atendimento fraterno em todo o país. O trio também possui oito livros publicados, sendo o mais recente intitulado Estudando O Livro dos Médiuns, um estudo comentado de O Livro dos Médiuns.

RIE – Como surgiu o Projeto Manoel Philomeno de Miranda?

Projeto – O nosso projeto surgiu como uma proposta, uma reivindicação dos espíritas baianos durante um congresso realizado em 1990. No final do evento, uma delegação voluntária se dirigiu aos organizadores para pleitear que a Federação Espírita do Estado da Bahia criasse uma equipe para ajudá-los em suas tarefas dentro dos centros espíritas, em seus estudos; eles estavam se sentindo desamparados com muitos centros espíritas inexperientes e então a Federação, que tinha essa mentalidade de criar projetos operativos, acatou a ideia e saiu a campo para as convocações necessárias. Surgiram companheiros de vários centros, principalmente de Salvador, desejando se agregar à tarefa para organizar o movimento, para promover eventos. E a tarefa naturalmente foi apoiada pelo mundo espiritual. Surgiram catorze pessoas para o programa e na medida do possível essas pessoas começaram a realizar pequenos eventos em Salvador, mas quando surgiu a necessidade das viagens, de exteriorizar a proposta, muitos não podiam fazê-lo e foram voltando ao universo de suas casas espíritas e a responsabilidade caiu gradativamente em nós três. No início, éramos quatro, mas o companheiro que era Vice-presidente da Federação Espírita do Estado da Bahia adoeceu e a proposta, então, acabou convergindo para nós três, que tínhamos uma grande sintonia de amizade, pois trabalhávamos profissionalmente na mesma empresa e no mesmo centro espírita, o Centro Espírita Caminho da Redenção, que mantém a Mansão do Caminho.

RIE – Além da realização de seminários por todo o país, vocês já possuem vários livros publicados abordando o estudo da mediunidade. Comentem um pouco sobre essas publicações.

Projeto – Subitamente surgiu a ideia de escrevermos aquilo que estávamos transmitindo em nossos seminários. Começou, então, a elaboração do nosso primeiro livro, Reuniões mediúnicas. Posteriormente escrevemos outros livros: Vivência mediúnica; Terapia pelos passes; Atendimento fraterno; Qualidade na prática mediúnica; Consciência e mediunidade. Depois surgiu a necessidade da abrangência da questão da Terapia pelos passes e escrevemos o livro Passes: aprendendo com os espíritos e, finalmente, o nosso último livro, intitulado Estudando O Livro dos Médiuns, que não tem a intenção presunçosa de substituir o original, mas representa uma colaboração para facilitar o estudo desta obra monumental que é o maior tratado sobre paranormalidade humana, escrita por Allan Kardec e intitulada O Livro dos Médiuns, que este ano, no dia 15 de janeiro, completou 150 anos de existência na Terra. Nenhuma pessoa pode, conforme ensina o prefácio do nosso patrono Manoel Philomeno de Miranda, colocar na pauta de sua vida a prática da mediunidade sem um estudo aprofundado deste livro que, segundo ele, é capaz de levar ao candidato ao exercício da mediunidade uma trajetória sem lágrimas, sem sacrifícios, mas também sem utopias, sem presunção, sem irresponsabilidade e sem encantamento.

RIE – Vocês iniciaram, há algum tempo, o exercício prático dos ensinamentos que estavam apenas no campo teórico. Descrevam esta experiência.

Projeto – Depois de completarmos dezoito anos realizando seminários pelo Brasil, nós sentimos a necessidade de colocar em prática essa atividade teórica. E Joanna de Ângelis nos ofereceu um grupo heterogêneo, de outras casas espíritas, que começaram a frequentar o Centro Espírita Caminho da Redenção. Esta prática para nós foi muito importante, pois pudemos verificar que é possível realizar reuniões mediúnicas com qualidade, utilizando os ensinamentos do Projeto Manoel Philomeno de Miranda. Nós iniciamos, durante três meses, sem reuniões mediúnicas, porque não conhecíamos todos os componentes, não tínhamos ainda intimidade com a maioria deles. O nosso centro espírita é muito grande, tem uma média de 700 pessoas por reunião, e a gente apenas via determinadas pessoas sem realmente conhecê-las. E foi muito bom, pois nesses três meses nós nos conhecemos. Primeiramente, entregamos o regimento da reunião mediúnica. Todos levaram para casa e na semana seguinte nós o discutimos. Todos ficaram a par dos seus direitos, mas também dos seus deveres: de como se comportar, do que é necessário para se preparar para a reunião e isso foi muito importante. Depois, nós instituímos a prática. Como nos nossos seminários, em muitos locais, as pessoas diziam que faziam estudos antes das reuniões, nós achamos por bem colocar em prática o que ensinávamos, e o estudo deveria ser realizado após a reunião. Num primeiro momento, estudamos o livro Trilhas da Libertação, de Manoel Philomeno de Miranda, capítulo por capítulo, através de uma distribuição em que cada um dos componentes estudava um capítulo durante uma semana e compartilhava com os demais os pontos que considerava mais importantes e os outros participavam desse estudo com suas opiniões. Terminamos o estudo do livro Trilhas da Libertação e já estamos quase finalizando Nos domínios da mediunidade, de André Luiz. Além do estudo, nós temos uma parte que é muito importante. O mundo espiritual, neste momento, ajuda a retirar os resquícios que trouxemos da reunião mediúnica e todos saem, ao término desta atividade, tranquilos, sem sequelas, alegres e sorridentes.

RIE – Com base nesse estudo prático, vocês detectaram dificuldades e muitos benefícios. Que orientações vocês poderiam dar às casas espíritas que realizam estudos mediúnicos?

Projeto – Primeiro que deem oportunidade para as pessoas que participam interagirem entre si. Essa oportunidade de estudo, de preparação, foi excelente para que todos se desinibissem e interagissem, e depois, no estudo posterior, todas as pessoas do grupo têm o seu dia de ser o facilitador, treinando assim a comunicação, o contato e se sentindo estimulados para assumir outras tarefas no centro espírita. Muitos foram para o atendimento fraterno, para o trabalho social. Então tem sido uma bênção esta oportunidade que estamos dando às pessoas. Ressaltamos que os trinta minutos que estudamos após a reunião mediúnica, não representam um estudo desconectado do que vivenciamos na prática. Sempre trazemos os problemas da prática para analisá-los à luz do estudo que estamos fazendo. Periodicamente deixamos até de fazer o estudo para avaliarmos as comunicações, as posturas dos médiuns, fazendo com que a nossa equipe tenha realizado um progresso, pois nós tínhamos uma dimensão de capacitação da nossa própria instituição e as pessoas inexperientes do nosso trabalho se desenvolveram muito mais rapidamente. Os dialogadores têm evoluído no processo de comunicação, de desinibição; os médiuns começaram a ter uma postura harmônica e equilibrada e nestes três anos de experimentações nós vemos que o trabalho da mediunidade realiza atendimentos mais complexos, o que não achávamos ser possível neste curto espaço de tempo. Sabemos que a educação da mediunidade é lenta, os médiuns vão aos poucos adquirindo experiência. O nosso benfeitor, Manoel Philomeno de Miranda. sempre vem às reuniões trazer uma mensagem e os médiuns se sentem felizes e cada vez mais integrados à casa espírita.

RIE – Suas considerações finais.

Projeto – Um detalhe muito importante é que os nossos livros estão tendo uma aceitação ascendente não só no Brasil, mas também no exterior. Diz Divaldo Franco, quando conversa conosco, que em muitos países que ele tem transitado as pessoas gostam mais de estudar os nossos livros do que propriamente O Livro dos Médiuns, o que consideramos uma precipitação, pois esse livro é insubstituível. Não devemos nunca deixá-lo à margem, mesmo porque ele tem em seu conteúdo informações preciosíssimas que não podemos esquecer de forma alguma. E temos observado que muitas pessoas, durante os nossos seminários, vêm trazer uma imagem de O Livro dos Médiuns que não achamos realista. Dizem: “O Livro dos Médiuns é um livro com muito material didático, mas do tempo de Kardec. É um livro muito difícil de estudar”. Até certo ponto, ele é sim difícil de estudar, pois representa um tratado científico de paranormalidade humana. E foi por isso que escrevemos o livro Estudando O Livro dos Médiuns, apresentando de uma forma mais didática, englobando determinados capítulos em um só e ali introduzimos as nossas observações e as nossas experiências adquiridas durante um largo período de vivência da prática mediúnica. Portanto, tem sido muito gratificante este trabalho que estamos realizando em dois aspectos: um laboratório para realização do trabalho mediúnico e, sobretudo os seminários, em que introduzimos a parte de perguntas e respostas, que enriquece muito o nosso trabalho. Os convites são frequentes, de vários Estados, mas muitas vezes não conseguimos atender a todos, pois temos compromissos no Centro Espírita Caminho da Redenção e procuramos conciliar nosso trabalho com a divulgação do Espiritismo. Nosso e-mail para contato é nilocalazans@superig.com.br e através do site www.projetomanoelphilomenodemiramanda.com as pessoas podem acessar o conteúdo dos nossos dezessete seminários, também em espanhol, e adquirirem mais informações sobre o Projeto, multiplicando a divulgação dos conhecimentos que disponibilizamos para uso.

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